SERMÃO:
Bem hajam irmãos!
Tem sido, de facto, lamentável o silêncio tumular a que renegámos este blog. Ocorrem-me, a respeito disso, umas breves e eruditas palavras sobre o tema secular do caralhão. Introduzo-o precisamente agora (o tema, não o caralhão) porque mais do que nunca, neste tempo apocalíptico de crise de valores (sobretudo pecuniários), as pessoas parecem-me francamente alienadas dos pilares fundadores da Humanidade. E se de pilares falamos, não há nenhum mais sustentável que o dito que neste blog se faz louvar.
Começo por partilhar uma imagem de toada bíblica, misto de Escher e página do meio da Ana-mais-atrevida:
"Amai o caralhão, irmãos. Se bem se recordam, antes de nós o trazermos ao mundo, já ele nos houvera trazido ao mundo a nós." Não há nada como um princípio criador bem confuso para gerar uma religião alargada. Confesso que nunca percebi como é que os filhos do Adão e da Eva, todos eles irmãos entre si, conseguiram gerar uma humanidade tão grande sem registo de doenças genéticas recessivas. Mas também não me parece haver muita gente preocupada com isso. Adiante...
Mais relembro que o nosso devir iniciático de pôr o caralhão na boca do mundo tem estado francamente prejudicado pela inércia que aqui se vive, cada elemento mais centrado no cumprir do intento pessoal de pôr o seu particular na boca de quem lhe aprouver. Nada contra. Porém, se mantivermos esta atitude individualista, humilde e derrotista, pois bem que podemos dizer adeus ao propósito universal estabelecido da diáspora caralhaniana. E pronto, viveremos domésticos e pacíficos com o que de jeito sacarmos no Bairro ou no Tropical...
Não quero com isto tornar este um espaço monotemático consagrado ao louvor único do órgão alfa. Não me tomem por falocêntrico. Este sempre se destacou por ser um blog ecléctico e vasto, dedicado às trivialidades do quotidiano dos seres comuns. Porque é nas coisas simples que reside o que há de maior. Que isto não seja, contudo, interpretado como falta de ambição: desde sempre que o Cláudio Ramos só fala de trivialidades e, vejam bem, já tem uma rubrica própria no Querida Júlia...
Bom, quedo-me por aqui nesta homilia que penso ser também um pouco vossa.
De ora em diante conto com a participação de todos nesta irmandade tão nobre, tão poética, tão heróica, tão bonita.
À mãe, mas sobretudo, ao pai.
Syddartha.