Sunday, September 30, 2007

Quem é que falou mal da cadeira de Epidemiologia?

Salvador Massano Cardoso


“Seios”


Uma das mais antigas recordações prende-se com um volumoso par de mamas de uma mulher recém-parida, minha vizinha. Na altura, medicamentos para tratar doenças tão simples como era o caso das otites não havia. As dores eram insuportáveis, e gritava que nem um desalmado. A meio da noite, levaram-me à casa do outro lado da rua. De repente, vejo a despontar perante os meus olhos uma volumosa e quente mama com um mamilo grosso e muito escuro a tentar enfiar-se no meu “minúsculo” meato auditivo. Impossível, atendendo às dimensões de ambos. O que é certo é que acto contínuo senti um jacto de liquido morno no ouvido, que acabou por escorrer, também, pela face. A lembrança do alívio das dores foi tal que, a partir daquele momento, quando olhava para as mamas das mulheres, sentia que as mesmas tiravam as dores.
Muitos anos mais tarde, uma familiar de idade muito avançada, com queixas muito dolorosas numa anca, que não aliviavam com nada, levou a um diagnóstico de metástase óssea. A procura do tumor primitivo foi um tormento, até que um dia, depois de muitos exames, perguntei-lhe se não tinha nada no peito. Respondeu-me que tinha uma “coisita”, mas não devia ter importância. Já a tinha há muitos anos! Sem pedir licença - mandei às malvas qualquer pudor - desnudei-lhe a mama direita. Fiquei aterrorizado com o que apalpei. Não lhe perguntei qual a razão de não ter dito nada. Já sabia. Pundonor por um lado e recusa em aceitar o que quer que fosse por outro. O que se seguiu não tem descrição.
Recordei-me deste último episódio, quando, há duas semanas, estava a ver uma velhinha simpática, prestes a fazer 88 anos e cuja lucidez faz inveja a muito gente. De repente, a filha, com quase 70 anos, disse-me que a mãe tinha qualquer coisita na mama. Perguntei-lhe se tinha há muito tempo. Respondeu-me a simpática senhora, antecipando-se-lhe, que não, apenas há cerca de um mês. Senti um estremeção e com muito cuidado tirei-lhe a blusa. Olhei, e bastou tocar com as pontas dos dedos para ver o que se tratava. Um mês? Qual quê?! Quantos e quantos! Não fiz quaisquer comentários e comecei a providenciar a resolução do problema o mais rapidamente possível. Mais uma vez estava perante a mama da dor, do sofrimento e da morte.
Claro que nem sempre a mama é encarada das formas já descritas. Outras, cantadas pelos poetas, desenhadas pelos pintores, e fabricadas pelos escultores, adquire sentidos e tonalidades, que vão desde o erotismo à expressão mais sublime de carinho e ternura que é a maternidade. Que o digam os “recentes”, mas polémicos, poemas eróticos do espanhol Juan Ramon Jiménez a propósito da sua estadia, e experiência sexual com três freiras, num sanatório nos princípios do século XX. “E teus peitos...como estão os teus peitos?” Mesmo assim nada que se compare ao Cântico dos Cânticos, onde se podem ler os mais doces e apaixonados arrebatamentos sobre os seios.
Muitas representações são tão belas ao ponto de despertar desejo e atracção como se tratassem de Galateias animadas de vida, enlouquecendo Pigmaleões. A mama do desejo, do prazer, do amor.
Mas a mama pode ter outras utilizações, como sinal de protesto, por exemplo, contra os utilizadores de peles, ou para chamar a atenção para a necessidade de promover a amamentação natural, contrariando os interesses da indústria alimentar ou quaisquer outras formas menos correctas, como aconteceu, recentemente, em Manila. Mama de protesto.
Há, também, situações bizarras, como a utilização de modelos “topless”, em vídeos, empunhando placas com limite de velocidade para alertar os automobilistas nas estradas dinamarquesas. Incitativa promovida pelo governo e que originou contestação. A “mama da prevenção rodoviária”!
Com o objectivo, de angariar fundos para a pesquisa contra o cancro, milhares de mulheres londrinas, vestindo soutiens decorados, percorreram as ruas londrinas. Neste caso, a mama reveste-se de angariadora de fundos.
A “mama publicitária”, utilizada até à exaustão, começa a suscitar reparos de monta, porque constitui um atentado à imagem da mulher. Enfim, muitos significados e muitas utilizações!
Até a própria humanidade, com todas as suas particularidades, pode ser vista através dos seios, que diga a obra com o mesmo nome, “Seios”, do genial Ramon Gómez de la Serna. No capítulo, “O Xilofonista dos Seios”, Ramon escreve: “Cada seio tem um matiz musical. A única coisa a fazer é encontrá-lo”.
E encontramos! Desde belíssimos cambiantes a outros muito tristes...

in diário as beiras, 02/07/07

Friday, September 21, 2007

saudade

é com este post q venho desejar a todos os utilizadores deste FA(lo)BULOSO blog, um óptimo ano, e tal - e sim, refiro-me académico,claro!
novamente, tenho q apelar para q postem mais (quer-se dizer...eu tambem nao tenho sido o melhor exemplo, mas agora tenho net again!)
besos