Chama-se a parte amorfa da nossa juventude.
Acorda todos os dias à mesma hora, vai à escola a contra gosto e no fim do dia senta-se ao computador para escrever um pouco aos amigos, aquilo que não tem coragem de dizer frente-a-frente. Vê os e-mails, manda beijinhos para este, faz que ri por aquele, melhora a relação com o outro.
Na nova moda todos têm um blog. Dir-se-ia que era para dar uma visão particular do mundo… não, o que interessa é dizer em letras o que não se diz por sons, em romantismos bacocos, sentimentos vazios do prazer instantâneo. Escreve-se o nada como tudo no nada que é a sua presença do tudo da existência humana.
Jornais, notícias não é para eles, leitura idem. Não aprendem com os grandes pensadores do passado, Platão, Sócrates, Kant, Engels, Marx, reduzem-se ao “seu” mundo.
Carregam a herança da democracia a todo o custo, da ideia errada de liberdade dos EUA, país mais evoluído.
Todo o mundo está contra eles. Têm casa, comida, aquecimento, televisão, computador, vivem bem. Acham que o feito está em esperar pelo bem, que nunca chegará de facto.
O que interessa é vestir as melhores marcas, criar inveja nos pares.
Quando nasceram já só ganhavam Porto, Benfica, Sporting, PS e PSD e acham que assim é que é a ordem natural das coisas. Aprendem com os pais a amar a bandeira política sem saberem sequer o que ela diz. “O comunismo é mau porque me tiraria as minhas roupas para dar aos pobres… Eu sou boa pessoa, dou esmola de vez em quando” – Seguem as frases feitas mais do que nunca, sentem-se bem na ignorância e marginalizam os sabedores.
Têm como pensamentos principais “preciso de mais roupa”, “ir ao café”, “tristeza”, “amor impossível” e com base nisso diluem os seus romantismos parolos, sentimentalismos ocos.
Ignoram os problemas do mundo. Força reivindicativa, de luta ZERO. Têm mais medo do que os seus homónimos na altura do Estado Novo, seus pais. Tudo o que implique esforço é afastado de suas mentes brilhantes da falta de uso.
Para a maioria, quando sabem, Cunhal era o director lá dos comunas e de Franco, nem o espanhol nem a moeda, Curchill é marca de pasta de dentes.
No futuro ir-vos-ei falar mais profundamente acerca do equilíbrio de civilização. Desta vez apenas digo que hoje em dia este grupo é grande, o mundo desequilibra-se, e pára.
Bem sei que pouca gente lerá este texto, por ventura, uma data de coisas sem nexo de um maluco que não tem mais nada que fazer.
Triste
Triste
Triste
Eu, porquê?
Adeus.
22 de Junho de 2005 d.c.
Apesar de certa evolução a que todos estamos sujeitos, há coisas que não mudam.
18 de Dezembro de 2006 d.c.
2 comments:
nao estou a defender ninguem. falo d mim. o meu problema nao e nao saber quem foi churchill ou franco, de quem sei as coisas mais obvias. nao é ignorar que o mundo esta mal, que bem sei. a ecologia, as desigualdades sociais, o vazio no sentido da vida daqueles que vivem bem.
o meu problema é nao acreditar em nenhuma soluçao, em nenhum regime politico que possa salvar o mundo, em nenhuma religiao... lutar, so se acreditarmos, que lutamos pelo principio certo.
Se o problema de todos fosse esse estávamos menos mal.
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