Friday, December 28, 2007
Feliz Ano de 2008
Um grande abraço:
Base do caralhao (Porque as árveres somos nozes !!!)
Thursday, December 20, 2007
Thursday, November 22, 2007
PARA AQUELES QUE NUNCA VIRAM
THE OBSERVER:
"Young man! Ever wondered what happened to the Village People? Ed Vulliamy traces the extraordinary story of the first gay superstar group, still touring after 30 years, with a trail of drugs, death and recriminations in their wake
a destacar:
So, after three decades, these are the unexpected destinations of canticles by the most iconic gay band ever: sporting events, vodka-popping wedding receptions, solemnly religious bar mitzvahs, primary school discos and aerobics classes. In 2004, then US Secretary of State Colin Powell delivered a karaoke version of 'YMCA' at a ceremony concluding a summit with Asian foreign ministers: 'They have everything for young men to enjoy / You can hang out with all the boys', indeed, Secretary Powell. Prince Charles and Nelson Mandela have shaken a bone to the same song. The Village People's hits, for all their bawdy homosexuality, have outlived tacky 1970s disco music like cockroaches after a nuclear attack. But what about the Villagers themselves? The best known of them bobbed up before Superior Court Judge Mark Forcum on 5 September, in San Mateo, California, at what he promised would be the end of a history of brushes with the law. This was Victor Willis, aka the original Village Cop, front man, singer, one of the band's heterosexual minority and lyricist of its most passable material."
e aqui fica a pérola:
Sunday, November 18, 2007
Monday, November 12, 2007
Lisboa
Dos seus lampiões apagados surgem vultos negros cheios de expressão. Das bicas escuras sai o líquido mais horrendo que mata a sede a largos milhares.
São almas que conseguem empobrecer o mais vil dos cenários, tal fonte dos prazeres infames que esquece os que para si trabalharam desde sempre, minhotos, trasmontanos, durienses ou beirões.
Juntos construíram esse projecto de metrópole, juntos o mantiveram e já convertidos o destruirão.
É tal o olhar triste na emblemática Avenida da Liberdade que os edifícios que a limitam pedem permissão para não brilharem. Chegado ao Rossio de chão gasto apetece-me correr pela Rua Augusta até ao rio das maleitas.
Ai Tejo, por pouco me apanhava! Num impulso parei a 2 passos do muro, pensava eu em saltar, Cais do Sodré à vista. Tarde me apercebi e cedo reparei que não podia continuar, tal é a imundice de tal leito que transborda deslealdades, enganos e traições.
Corro, corro, paro e torno a correr até chegar a Belém. Aí deito-me e adormeço até à manhã seguinte na ilusão de encontrar um Mundo novo.
Sim, aí está ele! Bem… ainda estou inebriado pelo fumo que percorre as esquinas mais esquivas do Centro Cultural de Belém, nada mudou. Apanho o autocarro e dirijo-me para o Campo Grande e Lumiar. Esquecida a Ajuda que me foste pelas ruas estreitas de Alfama tanto encontrar o fim de tanto tormento, tanto que é ignorado por todos.
Envenenaste, Lisboa, as boas almas que albergavas. Hoje são apenas resquícios irrecuperáveis que empestam os seus ares, e os vizinhos, lentamente, para o sul e norte.
Lisboa, porque tendo tu Portugal concentrado conseguiste destruir todo o doce espírito que nos caracterizava? Vamos definhando à tua custa.
Roubaste homens, ideias, ambições, mulheres e sonhos a um país que te exclamava a plenos pulmões: “Capital! Capital!” e apagaste as nossas origens.
Eu choro porque não consegui acompanhar-te e aprender a morrer contigo, silenciosamente.
Penso em Cabo Verde, Angola, Moçambique, Timor e lá estou, com os Anjos.
Resigno-me.
Um destes dias pode ser que me tragas quem eu mereça, quem valha a pena, Lisboa.
Thursday, November 01, 2007
Tuesday, October 30, 2007
Sunday, October 21, 2007
Thursday, October 11, 2007
Friday, October 05, 2007
Sunday, September 30, 2007
Quem é que falou mal da cadeira de Epidemiologia?
“Seios”
Uma das mais antigas recordações prende-se com um volumoso par de mamas de uma mulher recém-parida, minha vizinha. Na altura, medicamentos para tratar doenças tão simples como era o caso das otites não havia. As dores eram insuportáveis, e gritava que nem um desalmado. A meio da noite, levaram-me à casa do outro lado da rua. De repente, vejo a despontar perante os meus olhos uma volumosa e quente mama com um mamilo grosso e muito escuro a tentar enfiar-se no meu “minúsculo” meato auditivo. Impossível, atendendo às dimensões de ambos. O que é certo é que acto contínuo senti um jacto de liquido morno no ouvido, que acabou por escorrer, também, pela face. A lembrança do alívio das dores foi tal que, a partir daquele momento, quando olhava para as mamas das mulheres, sentia que as mesmas tiravam as dores.
Muitos anos mais tarde, uma familiar de idade muito avançada, com queixas muito dolorosas numa anca, que não aliviavam com nada, levou a um diagnóstico de metástase óssea. A procura do tumor primitivo foi um tormento, até que um dia, depois de muitos exames, perguntei-lhe se não tinha nada no peito. Respondeu-me que tinha uma “coisita”, mas não devia ter importância. Já a tinha há muitos anos! Sem pedir licença - mandei às malvas qualquer pudor - desnudei-lhe a mama direita. Fiquei aterrorizado com o que apalpei. Não lhe perguntei qual a razão de não ter dito nada. Já sabia. Pundonor por um lado e recusa em aceitar o que quer que fosse por outro. O que se seguiu não tem descrição.
Recordei-me deste último episódio, quando, há duas semanas, estava a ver uma velhinha simpática, prestes a fazer 88 anos e cuja lucidez faz inveja a muito gente. De repente, a filha, com quase 70 anos, disse-me que a mãe tinha qualquer coisita na mama. Perguntei-lhe se tinha há muito tempo. Respondeu-me a simpática senhora, antecipando-se-lhe, que não, apenas há cerca de um mês. Senti um estremeção e com muito cuidado tirei-lhe a blusa. Olhei, e bastou tocar com as pontas dos dedos para ver o que se tratava. Um mês? Qual quê?! Quantos e quantos! Não fiz quaisquer comentários e comecei a providenciar a resolução do problema o mais rapidamente possível. Mais uma vez estava perante a mama da dor, do sofrimento e da morte.
Claro que nem sempre a mama é encarada das formas já descritas. Outras, cantadas pelos poetas, desenhadas pelos pintores, e fabricadas pelos escultores, adquire sentidos e tonalidades, que vão desde o erotismo à expressão mais sublime de carinho e ternura que é a maternidade. Que o digam os “recentes”, mas polémicos, poemas eróticos do espanhol Juan Ramon Jiménez a propósito da sua estadia, e experiência sexual com três freiras, num sanatório nos princípios do século XX. “E teus peitos...como estão os teus peitos?” Mesmo assim nada que se compare ao Cântico dos Cânticos, onde se podem ler os mais doces e apaixonados arrebatamentos sobre os seios.
Muitas representações são tão belas ao ponto de despertar desejo e atracção como se tratassem de Galateias animadas de vida, enlouquecendo Pigmaleões. A mama do desejo, do prazer, do amor.
Mas a mama pode ter outras utilizações, como sinal de protesto, por exemplo, contra os utilizadores de peles, ou para chamar a atenção para a necessidade de promover a amamentação natural, contrariando os interesses da indústria alimentar ou quaisquer outras formas menos correctas, como aconteceu, recentemente, em Manila. Mama de protesto.
Há, também, situações bizarras, como a utilização de modelos “topless”, em vídeos, empunhando placas com limite de velocidade para alertar os automobilistas nas estradas dinamarquesas. Incitativa promovida pelo governo e que originou contestação. A “mama da prevenção rodoviária”!
Com o objectivo, de angariar fundos para a pesquisa contra o cancro, milhares de mulheres londrinas, vestindo soutiens decorados, percorreram as ruas londrinas. Neste caso, a mama reveste-se de angariadora de fundos.
A “mama publicitária”, utilizada até à exaustão, começa a suscitar reparos de monta, porque constitui um atentado à imagem da mulher. Enfim, muitos significados e muitas utilizações!
Até a própria humanidade, com todas as suas particularidades, pode ser vista através dos seios, que diga a obra com o mesmo nome, “Seios”, do genial Ramon Gómez de la Serna. No capítulo, “O Xilofonista dos Seios”, Ramon escreve: “Cada seio tem um matiz musical. A única coisa a fazer é encontrá-lo”.
E encontramos! Desde belíssimos cambiantes a outros muito tristes...
in diário as beiras, 02/07/07
Friday, September 28, 2007
Sunday, September 23, 2007
Friday, September 21, 2007
saudade
novamente, tenho q apelar para q postem mais (quer-se dizer...eu tambem nao tenho sido o melhor exemplo, mas agora tenho net again!)
besos
Monday, September 10, 2007
Tuesday, August 14, 2007
Oh my crowded house
And if a ten ton truck kills the both of us... to die by your side, well the pleasure, the privilege is mine.
Sunday, August 12, 2007
Wednesday, July 25, 2007
Novo
Duas palavras e o tempo vai.
Três e o mundo gira.
Em quatro a febre passa.
Ter tempo sequer para usar sequer cinco palavras novas.
Aproveitar para aprender e voltar depois.
Já são sete e a dor passou.
Haja memória. Sem presença.
Friday, July 20, 2007
Sunday, July 08, 2007
Saturday, June 30, 2007
Sunday, June 24, 2007
Toda a verdade
Sporting: Miguel Veloso prepara almoço a Izmailov
O primeiro dia de Izmailov em Portugal foi tipicamente português. Depois de chegar a Lisboa com um sorridente «bom dia», o médio russo teve uma surpresa na hora de matar a fome: foi a casa de Miguel Veloso almoçar e o Maisfutebol conta-lhe os pormenores de um encontro inesperado, em que reinou a boa disposição.
Sem saber bem o que o esperava à hora de almoço, Izmailov deslocou-se na companhia do empresário Paulo Barbosa a casa da família Veloso. A barreira linguística não foi impeditiva para que o ambiente fosse de perfeito convívio, com Miguel Veloso a fazer as honras.
À espera dos convidados estavam várias entradas, com as dimensões do camarão-tigre a surpreenderem o russo. Izmailov gostou do sabor e ficou admirado com o tamanho da iguaria. Nunca tinha visto nada assim, mas as surpresas na casa do futuro companheiro de equipa não ficaram por aqui.
No seio de uma família portuguesa, o russo saboreou a carne estufada cozinhada por Teresa Veloso, a mãe de Miguel, que se responsabilizou por tudo o que foi servido, menos pela salada. Sim, este acompanhamento foi o único em que a matriarca não pôs as mãos, já que Miguel Veloso fez questão de ser ele próprio a preparar a salada do almoço. E não é que o internacional sub-21 não recebeu reclamações?
Izmailov teve então direito a provar os dotes culinários do futuro companheiro no Sporting e na hora da sobremesa mostrou algumas reservas em provar os doces que estavam na mesa. Mas, depois de saborear os bolos tanto gostou que os mesmos quase tiveram de ser tirados da mesa... para que o russo não comesse de mais.
No final do almoço, o novo reforço dos leões provou a tradicional bica. Um característico hábito lusitano que intimidou o russo, a quem António Veloso descansou quanto aos possíveis efeitos da cafeína, pois horas para pôr o sono em dia não lhe faltarão.
O inglês e a mímica ajudaram a manter o diálogo na casa da família Veloso, com Miguel a conseguir comunicar com o companheiro russo. No final uma questão de Izmailov: em Portugal come-se sempre assim? A resposta foi afirmativa. Aqui come-se bem e por isso foi esclarecido que é preciso ter cuidado, não vá a balança acusar o pecado.
Estão então feitas as primeiras apresentações do russo, que deixou a casa de Miguel Veloso com um «obrigado» e a promessa de repetir o convívio.
in MaisFutebolTuesday, June 19, 2007
Ok, não é novidade mas
Saturday, June 02, 2007
The Submarines - Brighter discontent (in Nip/Tuck)
Nip/Tuck: agora só em Outubro!!! :(
http://www.myspace.com/thesubmarinesmusic
Sunday, May 27, 2007
Wednesday, May 23, 2007
Tuesday, May 15, 2007
Aluno ferido nos genitais em julgamento de praxe
Um alegado abuso sobre um estudante da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra vai ser esta semana analisado pelo Conselho de Veteranos. O caso terá ocorrido “dois ou três dias” antes da Queima das Fitas. Durante um julgamento de praxe, que decorreu na sede dos Fans (casa de praxe reconhecida pelo Conselho de Veteranos), alguns doutores raparam os pêlos púbicos a um caloiro de Medicina e, ao fazê-lo, terão rompido parte do escroto do aluno.
Ao que o DIÁRIO AS BEIRAS apurou, o estudante deslocou-se ao hospital para obter um relatório médico e, durante a semana da Queima das Fitas, deslocou-se ao Conselho de Veteranos para apresentar queixa contra os presumíveis “agressores”.
O dux veteranorum da Universidade de Coimbra confirmou a queixa e garantiu que “as pessoas – também pertencentes à Faculdade de Medicina – estão devidamente identificadas”. “Ainda não estou na posse de todos os dados, mas esta semana serão feitas todas as averiguações”, garantiu João Luís Jesus.
O dux refere ainda que vai tentar apurar se “o que aconteceu foi feito – ou não – propositadamente ou se quiseram vingar-se do caloiro por outros motivos”. Caso tenha havido abusos de parte a parte – o dux diz que não excluiu esta hipótese – aí “o Conselho de Veteranos vai até às últimas consequências”. João Luís Jesus quer também averiguar se, além da eventual violação dos princípios e dos actos praxísticos, “a praxe foi usada para certos fins que não praxísticos”. E garantiu: “serão aplicadas sanções aos intervenientes consoante o grau de culpa, caso a haja”.
Desde que é dux veteranorum da Universidade de Coimbra (há sete anos), João Luís Jesus não se lembra de algumas vez ter havido uma queixa decorrente de um julgamento. “Houve quatro ou cinco queixas, mas apenas em relação a aspectos comportamentais durante a praxe”, adiantou.
O DIÁRIO AS BEIRAS só ao final da tarde é que conseguiu obter um comentário do estudante de Medicina em causa que, contudo, se escusou a prestar declarações, incluindo a confirmar o sucedido.
in Diário as beiras
http://www.asbeiras.pt/?area=destaque&numero=43040&ed=15052007
Wednesday, May 02, 2007
Tuesday, May 01, 2007
RESPOSTA AO COMENTARIO FEITO AO POST DO DIA 25 DE MARÇO!
esta é pra ti rui: ja sabes q as minhas portas estao sempre abertas para te receber.
a verdade é q isto dos macs nao é assim tao acessivel quanto isso, pelo menos para seres atecnologicos - e quase acefalos - quanto eu.
É QUE EU ATE FICO MENOS OPÇOES DE FORMATAÇAO!
MERDA!
vá, beijos e ate amanha.
este é giro:
quem cantou a "ending theme" do filme de 1996 de Tim Burton (MARS ATTACKS -> podem por momentos fingir q estas letras estao em italico?)?
!!!
E ASSIM SE COMEÇA O CONCURSO DE TRIVIALIDADES E FACILIDADES DA IRMANDADE DO CARALHAO!
ding-ding-ding
LORD AL'MIGHTY!
pah, ainda nao sei por videos.
http://www.youtube.com/watch?v=Ntgij-u_27k
mas este é bastante bom.
Sunday, April 29, 2007
Hora Psicológica
No entanto, este episódio fizera-o pensar no destino do seu fim. Aquela reflexão profunda era agora ultrapassada por uma figura inultrapassável, olhar seguro e força própria que usa e transmite à sua volta.
“Devo lutar?”
Na persistência estava a busca da razão primária da existência mas com ela tudo é diferente. No fundo, para cada um de nós existe o particular da generalidade das ambições.
“Espero ou procuro?”
Eurico mostra agora a apatia reveladora da indecisão do momento. Ao menos isso retirou-lhe todo o dramatismo melancólico que o assolava.
- Eurico, vais ficar aqui comigo nos próximos dias.
- Não posso Senhor Padre, tenho o rebanho.
- Ainda há minutos deixavas tudo, até os teus animais!
- Há bocado falou-me da luz ao fundo do túnel, vi-a.
O pastor desata a correr sem destino. O pároco, de mãos na cabeça, ainda pensa em acudir aos que passavam na rua. Não o fez, pois ele é um enviado do Senhor, estará protegido durante a sua vida… e morte.
Corre, corre e vai correndo até acabar por correr de novo. Corre. E pára.
O sol raia agora em todo o seu esplendor. Está agora à porta da Quinta do Fausto. Construída por Fausto I, seguiu toda a dinastia, única, até Fausto LXI, o último dos faustosos.
Agora quem lá vive é o Comandante.
Thursday, April 19, 2007
Monday, April 16, 2007
Isto é África!
Nania FC, Okwahu United, Great Mariners e Mighty Jets foram suspensos durante um ano e despromovidos à terceira divisão do Gana.
Em causa estão dois jogos da última jornada, decisiva para a subida de escalão, que terminaram com goleadas, no mínimo suspeitas, por 31-0, do Nania sobre o Okwahu, e por 29-0, dos Mariners frente aos Jets.
Na sequência dos resultados, juntamente com os quatros clubes, foram também suspensos de toda a actividade alguns jogadores e dirigentes, entre os quais Abedi Pelé, presidente e fundador do Nania FC.
in Maisfutebol.iol.pt
Tuesday, April 10, 2007
A Descoberta
Traçam diagonais à estrada e acabam caídos nas bermas, copos e garrafas na mão, antes de serem recolhidos para o hospital. À média de “quinze por noite”, lamenta a médica Maria Fernandez. “Aqui não se vende cultura, é o culto do álcool. Os miúdos vêm para beber”. E bebem de tudo. Uísque e cerveja, do vodka ao cognac, “o que apanham”. São os portugueses. E mais precisamente 18 mil, de Norte a Sul do País, que este ano acabam ou dizem acabar o liceu. Invadem e tomam por paraíso Lloret del Mar, a vila catalã onde, há pouco mais de uma semana, uma rapariga de Vila Real de Santo António se queixou de ter sido violada (os pais já apresentaram queixa ao Ministério Público) e onde um grupo de estudantes foi expulso de um hotel por guerras de ovos. Ali, até um motorista que conduzia miúdos portugueses foi apanhado com um grau de alcoolemia impróprio para as leis espanholas.
Espanha proíbe o álcool a menores de 18, mas “é vê-los com 15 e 16 anos nas lojas”, com as garrafas a brilharem na montra. São duas semanas a encher sacos e atacam logo nos quartos. Muitos não chegam ao jantar. E “quando não saem já bêbados do autocarro”. Repete-se todos os anos, “não visitam a Costa Brava, Gerona, um museu, cateral. Nada. É uma tristeza. São jovens sem alternativas”, diz Fernandez.
Os holofotes cruzam-se a meio da larga avenida com acesso à praia e focam cartazes a anunciar festas e sessões de strip. Maria dos Copos é bar de paragem obrigatória, onde os copos de refrigerante escondem vodka e os mais novos se batem por aguentar novo brinde. E agora shot. Desta vez B-52, o ‘clássico’ de chama acesa é “só para alguns...” Vasco dá mais uma passa no cigarro e manda calar a “chata” da irmã mais velha, 17 anos. Nem duas da manhã são “e ela já quer entrar no Colossos”. Têm pulseira para a discoteca de três pisos mas não está “para aturar stresses”. Grita-lhe numa voz arrastada que já lá vai ter. Ainda vira mais um. E outro “para acalmar”. Ana veste-lhe o casaco e recorda a noite anterior, quando ele “aterrou na cama ainda antes do jantar”. Numa semana de chuva “as tardes são uma seca” e foi ao supermercado com os amigos do Porto. Bebeu meia garrafa de vodka e ficou a dormir. Mas só depois de gritar à janela e de vomitar.
Cinco da manhã é a hora crítica. Fecham as discotecas e chega a hora de polícia, monitores e ambulâncias entrarem numa roda-viva. Cruzam-se os cânticos de Benfica, Sporting ou Porto pelas ruas estreitas de acesso aos hotéis e “todo o cuidado é pouco”. A euforia de milhares não tem limites à porta do Tropics, Colossos ou Revolution, as três discotecas da moda pelos acordos que fazem com agências. E as patrulhas desdobram-se em rondas de madrugada pela vila. Controlam os gritos na rua e, já dentro dos hotéis, travam agressões e recolhem casos perdido ao hospital. “Às vezes à esquadra”, conta à Domingo um polícia, recordando o caso da rapariga que se virou a um agente. E os rapazes que andavam “à pancada na estrada por causa das namoradas”. Ou as “guerras entre terras rivais, sobretudo do Norte de Portugal”. Tudo inflamado pelo álcool.
Mas a rotina é a mesma “há já mais de dez anos” no hospital de Lloret del Mar nas duas semanas da Páscoa. “O que fazer?” Metem-nos logo a soro para hidratar, o álcool faz baixar os níveis de açucar. “Depois dormem, já temos aí umas caminhas para eles”, brinca uma enfermeira. E agressões, “claro, pois se eles se metem com as miúdas dos outros...” Depois “chegam aqui com monitores pouco mais velhos do que eles”. Em Espanha, os professores acompanham as viagens e “há logo outro respeito”. De Portugal não vêm “para não ter chatices”, arrisca Maria Fernandez. Ingleses, franceses e alemães chegam “com programas culturais definidos. É o que faz falta a estes jovens – alguém que lhes abra os horizontes”.
Grande defensor dos jovens finalistas é o director do D. Juan, hotel por onde passam 1400 alunos das nossas escolas. E isto ‘esquecendo’ que, logo na primeira semana, foi ele a expulsar um grupo de 60 em plena noite. Enquanto tiveram ovos e papel higiénico ninguém parou “meia-dúzia de rebeldes” pelos corredores e pagou o justo pelo pecador. “Uma miúda até estava a dormir” – e, antes de ser recambiada para a camioneta, “queixava-se de que os seguranças nem a deixavam lavar os dentes”, conta à Domingo Miguel Moreira, 17 anos, de Viseu. Mas o director do hotel mantém que “os portugueses são arma de arremesso político na região”, uma forma cobarde de a oposição atacar o partido no governo. E recorda um impacto económico “superior a nove milhões de euros” com os 18 mil estudantes.
As agências vendem packs de cinco e sete noites, em finais do ano passado já estavam em contacto com as escolas e rapidamente se lançaram na publicidade. A concorrência é feroz. E só a SporJovem “trouxe doze mil ao todo”, adianta o director-geral Orlando Sagaz Pinto. Oito mil na primeira semana e quatro mil na segunda. Com 40 anos não vai à cama “mais de duas a três horas por noite”, tal como os seus cem coordenadores. Prestam primeiros socorros e todos os dias seguem a caminho da polícia e hospital – andam “sempre a correr de um lado para o outro. Mas é normal”, garante.
Os monitores distribuem-se pelos hotéis e “muitas vezes” são os seguranças que lhes ligam. “Há situações difíceis de controlar. Acabam noites à pancada, a polícia leva-os e depois há que ir buscá-los...” O pior é entre as 23h00 e as 07h00, quando os copos e canecas batem ao balcão dos infinitos bares e discotecas da vila. O Benfica-Porto era também de risco em Espanha e, entre os “três mil miúdos” que a SporJovem juntou à volta de um ecrã, “foi lançado um petardo. Mas mais nada”, diz o director. E nos hotéis “o ideal é conseguir espaços só para eles”, caso do Costa Encantada, esgotado com 1200 camas portuguesas. “É mais fácil para todos”, confessa, ao contrário de outros hotéis onde os gritos e guerras de ovos se cruzam com a pacata rotina de casais ingleses ou franceses de terceira idade.
Vomitam na rua, já no hospital até na cama. Bebem muito em casa e recuperam o velho hábito espanhol do ‘botellon’ – já proibido e que passa por juntar garrafas de uísque e vodka na rua, servido com sumos e muito gelo à mistura. “Os supermercados aqui quase só vendem álcool, às vezes queremos comida e não há”, queixa-se Débora Silveira, 18 anos, chegada de Coimbra à vila na última semana. Está num grupo de 24 mas o tempo não ajuda e, sem sol, só chuva, cortaram--lhes todos os extras. “Piscina, massagens, festas na praia, um cruzeiro”. Resta-lhes a noite. Ricardo e Gonçalo, 17 e 18 anos, acordaram às três da tarde. Os olhos não disfarçam “a ressaca” mas agora é preciso “curá-la” – a noite ali “começa mais cedo” e há que estar em forma. “Temos absinto e malibu no quarto mas vamos com calma, ainda ontem ficaram dois estendidos na cama...”
Demba Mballo, senegalês há muitos anos em Espanha, é porteiro num bloco de apartamentos e tem por missão travar a gritaria madrugada dentro. “É uma época em que menos de 400 nunca aqui estão”. Há sempre problemas “mas é talvez próprio da idade, há que saber falar com eles. Parece que aqui se sentem eles próprios, soltam-se como nunca. O álcool transfoma-os e, quando entram já de manhã, desfigurados, não são os mesmos rapazes que vimos passar durante o dia...” A grande maioria não fala espanhol e “há que controlá-los”, quem tem experiência já os leva à certa – “apesar de entrarem por aqui aos gritos e a cantar, ainda de copos na mão. São problemas que temos de resolver, chamá-los à razão, porque temos também muitos hóspedes de terceira idade a descansar”.
Todos concordam que Lloret del Mar é um mundo à parte, “a loucura total”, e no próximo ano ‘colam-se’ a outros finalistas para lá voltar. Quim Barreiros explode pelas colunas da ‘Maria dos Copos’ e uma fila indiana corre aos saltos em volta da pista. “É o auge”. Melhor só mesmo “no dia da festa do gelo”, brinca um rapaz de Aveiro, tentando disfarçar o ar imberbe dos 15 anos. “Os cubos passam de boca em boca e derretem-se a meio dos beijos. E são elas que fazem umas com as outras”, garante. Mas não precisa. Na última quarta-feira passaram imagens da festa em ecrã gigante e a Domingo viu. Foi no Colossos, onde um casal de bailarinos dança seminu ao centro e leva ao delírio centenas de rapazes e raparigas de braços no ar. E drogas ali dentro “nem pensar”, garante a pequena Joana, de olhos revirados e já meio a dormir em cima de uma coluna de barulho estridente. No fim choram e cantam o Hino Nacional. Queriam mais.
“KEM VAI PA LLORET"
“Eu achava melhor uma pergunta do género: Quem é que NÃO vai para Lloret??? É tudo para lá! Até chateia... Eu vou pa Lloret!!!!!!!!! looooooool. ya, n’é o melhor lugar pa falar disso... mas lá vamos nós!!!!” O lugar é o Fórum do site dos Exames Nacionais e Acesso ao Ensino Superior, onde o português se ajusta aos códigos dos intervenientes com menos de 18 anos. O ano é 2006, mas podia ser qualquer um outro. A euforia das viagens de finalistas não é nova. A preferência por Lloret del Mar idem. Para quem vai. Para quem foi e repetiu, uma, duas, três vezes, é lugar comum para passar as férias da Páscoa na Catalunha entre praia, noite, muitos testes ao fígado e peripécias que nem sempre acabam bem.
“Lloret é um mundo à parte. Grandes ‘jardas’ que o pessoal apanha. Anda toda a gente bêbeda, ninguém escapa. Eu só bati num gajo. Pisou-me na discoteca e levou. Pensei: não posso sair daqui sem andar à porrada! É da praxe...” João Carlos, 18 anos, acaba de chegar de Espanha. Foi a segunda visita com direito a estadia no Hotel D. Juan. “Há três ou quatro anos a nossa escola (Secundária de Alcochete) foi interditada de ir a Lloret. Dois colegas foram presos por andarem à estalada com o motorista do autocarro que nos leva a todo o lado. Iam para o hotel, que ficava muito longe, mas o motorista não queria levá-los até à porta. Como estava a chover muito e eles estavam muito bêbedos, passaram-se”. Vantagens e desvantagens do álcool ao preço da chuva. “A viagem ficou em 265 euros – 300 incluindo a ida ao PortAventura. Inclui hotel e pensão completa. Levei 360 euros a mais e gastei tudo. As coisas até estão mais baratas. Paguei três euros por um uísque/cola e 90 cêntimos por cada shot”. Maria Ramos Silva.
CONFESSOR DA RAPARIGA VIOLADA
Entrou de madrugada pelo hospital com um finalista por uma “amigdalite elevada”, quando nas Urgências lhe disseram estar uma rapariga portuguesa violada por dois monitores. “Aproximei-me dela, esperei que acordasse e percebi que, por vergonha da família e dos colegas, estava com medo de apresentar queixa”, conta Luís Ferreira (na foto abaixo), bombeiro de Almada e socorrista ao serviço da SporJovem em Lloret del Mar. As amigas que a encontraram “num estado lastimável” anteciparam-se na queixa – e o socorrista não esquece o horror que a vítima lhe descreveu: “Saiu expulsa da discoteca Tropics pelos seguranças e seguiu para o Hotel San Marti”, onde, sem chave, esperou as colegas no corredor. “Chegaram dois monitores, perguntaram se estava bem e convidaram-na a descansar no quarto deles. Entrou e sentou--se na cama quando um deles lhe disse que não podia contar tudo o que se iria passar a seguir”. Tinha uma relação de quatro anos e gostava muito da namorada, justificou. Enquanto isso “o outro tirou-lhe a parte de cima da roupa e segurou-a, enquanto o colega se colocou em cima dela”. A vítima disse a Luís lembrar-se do acto por fases – e, a partir daí, só se recorda de ser acordada já no elevador por um rapaz. Uma amiga confirmou “o estado em que a encontraram”, foi apresentada queixa e os dois suspeitos detidos. Presentes ao juiz saíram em liberdade. A rapariga voltou a casa, em Vila Real de Santo António.
in Correio da Manhã
Monday, April 09, 2007
Thursday, April 05, 2007
Monday, April 02, 2007
Friday, March 30, 2007
Por aqui
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Monday, March 26, 2007
Sunday, March 25, 2007
HELP!
alguma alma caridosa disposta a ajudar?
hah
Wednesday, March 21, 2007
NON FICTION
when you're flying from seattle to portland, oregon, as you turn to make your final approach into the airport from the east,there, outside the airplane windows, right below you... there it is:
a vision of white battlements and towers. narrow white turrets and a drawbridge that spans a murky lake, its water pooling around a crumbling stone ruin. at one end stands a massive round keep.
there, in the hills above the blue-collat town of camas, washington, where most of the days the air smells like the sour cream from the paper mill, there it is:
a castle.
a big castle. a real castle."
C. Palahniuk
Tuesday, March 20, 2007
Alegria
Sempre em cima
Porque sim
Caso o inferno atormente
Reaje assim.
Quem ri não mente
O infortúnio é sorte
Daqueles que podem
e existem para contar a morte.
Depressão
Causa da emoção
Envolve a razão
De forma tal
Que sem razão vos digo
Há maior mal
Que a força da indecisão?
Foge ao que quiseres
Menos a ti
O instante espera-te
a cada momento
E na alegria de existir
O mundo em ti vai sorrir.
Agora!
I-I-MMV
Wednesday, March 14, 2007
Ensaios incompletos
Quererá alguém ler aquilo que alguém escreve por alguém contado e por alguém transmitido de próprio que pensou e escreve estas palavras aparentemente sem sentido, ou seja, alguém tem interesse por ler este texto? Duvido.
E é por isso mesmo que eu continuo neste ritmo desenfreado, aparentemente desconcertante para quem não me conhece, só. O que é isto então?
Antes de responder passo à próxima ideia que é nada. Posso começar do início. Eram, pois, três horas de uma tarde qualquer como hoje e ontem.
E então?
Bem vistas as coisas o pobre do protagonista está à espera que eu comece a história que não pode ter fim ser começar. Porque tem a história de ter um protagonista? Quantos protagonistas têm a nossa história? Desprezando todos os actores secundários que nos rodeiam, quantas estrelas brilham no nosso passeio da fama?
Se eu sou realizador, produtor, actor do meu filme, quem serão os meus colegas na fita?
Mudando de assunto, escrevo e todos dormem o mais profundo dos sonos, suspensos por uma cana que os pesca de uma qualquer história irreal. Que pena, logo agora que o desenlace me parecia mais que favorável!
Vou então recomeçar e isto não fazendo sentido nenhum, é por tal, valioso. De todos os códigos que a Humanidade criou nenhum é tão perfeito para mim como o meu. Vence quem o decifrar.
Sunday, March 11, 2007
Insónia
A sabedoria
Sofia era a força que não se perdia quando o sol pousava. De dia era o sol, à noite o fogo que não apaga. Desde o dia em que a vira, o pastor não mais esqueceu a sua figura bela, segura e de uma doçura inalcançáveis por qualquer outra. Amor à primeira vista? Não era crente em tal filosofia embora naquela fachada de racionalidade imperturbável fosse em tudo emoção.
Só que ela ainda não o havia visto.
Era filha do “Homem dos Trinta”, assim chamado desde o famoso golpe em que foi o comandante de apenas trinta homens mas com uma estratégia tão bem montada que o anterior chefe da vila pensava que eram trezentos e fugiu. Ao contrário de outros, não era um líder cruel, mas possuía uma arrogância e um estilo autoritário que incomodava os intelectuais da terra. Do outro lado estavam os bajuladores que ansiavam por um posto relevante na hierarquia social da Vila dos Prazeres.
Desse lado estava Martins, alto, entroncado, cabelo ruivo e um olhar inquieto e exasperadamente ansioso por fama, dinheiro, influência, em suma, poder.
Naquele momento de impasse aparece Martins chamando por Sofia e ela, a contragosto, responde-lhe. O pastor continua de cano posto, pronto a pôr fim a todo o sofrimento da verdade, por entre apelos repetidos do padre para não o fazer.
- Não o faças meu filho!
- Outra hipótese não terei.
- O Senhor é misericordioso, Eurico!
- Sofia?
(silêncio)
Como um menino conformado com um castigo, o pastor aos poucos vai pousando a arma e, olhando fixamente para a amada, começa em longo pranto enquanto Orestes o abraça em oração.
Era ele pois quem lhe enviava cartas de amor anónimas e ela, tentando mostrar indiferença, mais depressa se apaixonava por quem não conhecia. Encontrava-as sempre no segundo banco à esquerda da igreja, desde o primeiro dia até ao décimo, em que começou a responder, e até hoje.
“Hoje acordei e no meio de tão escassa beleza terrena sois vós quem com tal imagem radiante me ofusca, tira a pele lentamente e me queima o coração até desaparecer. No seu lugar um vazio só por vós, Senhora, visitado, para sempre.
Tropecei no enigma da vida e abri-o, sem querer. Desfeito o mistério nem vós me segurais aqui, pois vosso futuro será sempre radioso e ainda mais em minha ausência.
Podeis estranhar o conteúdo desta lúgubre e fugaz missiva. Esta fará o devido sentido às nove badaladas do dia de amanhã, na Igreja da Vila.”
Ela apareceu.
Bate à porta encostada.
- Bom dia senhor padre. Posso entrar?
Nesse momento já Eurico se tinha escondido atrás do armário que guardava os cálices, as velas e as vestes.
- Bom dia minha filha. Agora estou bastante ocupado. Que te traz cá?
- Por acaso o senhor padre não viu por aqui um rapaz mais ou menos da minha idade.
- És a primeira pessoa que vejo desde que acordei.
- Então fui eu que fiz confusão. Peço desculpa pelo incómodo.
- Ora essa menina!
Sofia cede então aos intentos de Martins e abandona o templo. Com ar triste, solitário e destroçado tenta fugir ao homem que servia o seu pai. O pastor ainda mal refeito do choque parte agora em busca da sua amada.
Tarde demais.
Saturday, March 10, 2007
REUSE + NOSTALGIA 80'S
Tuesday, March 06, 2007
Tás-ta passar? Isto é um BLOG!
Que alegre é esta vida. Todos os dias acordo e sinto-me feliz. Lamentar porquê? A minha vida é pois a mais bela de todas, irradia bem-estar para todos os que me rodeiam. Invejem-me se faz favor.
Friday, March 02, 2007
Wednesday, February 28, 2007
Insónia
Os campos são verdes
Os lobos e as raposas do monte estão à vossa espera para atacar, dizia o pastor para o seu rebanho.
Naquela manhã em que se dirigia para a vila, reparou na cor rosada do céu naquele raiar tão comum mas tão invisível para quem apaga o ser a essa hora.
Dorme amigo e acorda tarde que o sono é ligeiro e mata as doenças da consciência.
No centro da localidade, o padre Orestes já fazia a primeira oração do dia, quando o pastor lhe bate à porta, aflito.
“Que se passa?” perguntou tão de rompante como a chegada do visitante. “Vi Deus” respondeu ainda em choque o pastor. Num misto de surpresa e dúvida, o sacerdote, que reconhecia na sua fé uma fraqueza que não via no início da sua missão, pede ao pobre homem para contar a sua história. E assim acontece.
Ainda era de noite e os animais pastavam, toda a razão da existência humana se apresentava a seus olhos. Sem dúvida alguma.
Eurico era um homem crente na sua fé cristã, assente nos ensinamentos da Igreja Católica Apostólica Romana, incutidos desde tenra idade na igreja da paróquia vizinha. Não seria na dele porque não havia padre, tal era o medo de lá viver, no Vale do Inferno. Assim, Eurico percorria quilómetros em sobe e desce constante para chegar ao convento do Fim do Mundo onde a irmã Maria do Céu lhe transmitia a palavra do enviado do Senhor.
Porém, naquele dia, tudo lhe faria mais sentido. O porquê de ser, simplesmente.
No momento mais inesperado, a mais ingénua das ovelhas cedia aos encantos do chamamento carnívoro do lobo. Era o mote do sustento da alcateia, a sua missão terrena havia sido concluída. Seria um óbvio fracasso ou por outro lado um tremendo sucesso da harmonia entre as espécies?
O fracasso do pastor seria então uma perda para o Mundo, o propósito de qualquer lamento, ou seria um sucesso da vida do planeta? E em que medida a morte é sinónimo de vida?
A vida passara-lhe então à frente dos olhos. “Deus!” exclamou com a mesma convicção com que um bebé chora quando sai do conforto da barriga da mãe e chega à agreste e cruel mas verdadeira realidade.
Todas as interrogações desapareceram, todo o senso, bom ou mau, passou a fazer sentido, o doce e o amargo estavam agora em sintonia, o amor era agora compreensível e racional.
O sentido da vida era a sua aparente incógnita, não a sua solução. Depois de falar com o pároco, Eurico faz uso da sua “arma da vida”, como lhe chamava. De cano apontado à cabeça prepara-se para puxar o gatilho quando vê do outro lado da porta entreaberta Sofia.
Monday, February 19, 2007
Ó-Ó-Ó-Ó
Thursday, February 08, 2007
Wednesday, January 24, 2007
Friday, January 19, 2007
La Plaza Mayor
Saturday, January 13, 2007
O Autocarro
-Tenho que ir apanhar o fabuloso meio de transporte colectivo de cor amarelada… o 24 só passa daqui a 20 minutos. (começa a contar)
Logo no primeiro instante surge-me uma cara que eu conheço, de presença não acessível na minha memória. “De onde é que o conheço?”. Os momentos sucedem-se, o dito sujeito aproxima-se e no primeiro cruzamento de olhar a única coisa que em ocorre é o aquele sorriso neutro, não totalmente denunciado que tanto serve para saudar o próximo como para reflectir o estado de alma. O guarda-chuva encobre. Passa.
Um minuto depois, passa um ford fiesta com manias de porsche. Numa aceleração magistral enche-me de água (antes de uma poça). Os do lado tentam esconder o riso. Um chega a gritar “Ó cabrão, «quéssa» merda?” e eu fico imóvel à espera que o meu contexto, a realidade que me rodeia seja substituída pelo meu quarto e pela cadeira onde me sento.
Ao quinto minuto passa um autocarro, tento vislumbrar-lhe o número. É o 33. Num gesto instintivo olho para o lado oposto a pensar “Estou a ignorar-te, não pares!”.
Espero a caminho no meu raio de metro e meio.
Passados 9 minutos eis que surge o assunto da maior parte do meu pensamento e do meu olhar. Esboço um “Olá, tudo bem?”. Não, a conversa não segue porque ela está com pressa.
24 minutos depois do início chega o dito amarelo. Faço sinal para parar. Todos os outros também, mas eu sou o último a pousar o braço. Eles podem ter-se enganado…
Sou o último a entrar no autocarro e sento-me num dos bancos da última fila de trás. Vejo declarações de amor eterno (Vanessa+Ramiro, I lov u Micaela) ou tentativas de afirmação pessoal escritos nos bancos da frente.
No meio do caminho uma velhinha vai a sair e o condutor fecha-lhe a porta. Ouve-se imediatamente o “Ó Senhor! Olhe a porta!”. Mais à frente alguém manda parar mas desta vez ninguém sai. Quando chega a minha vez um vagaroso obriga-me a abrandar o passo e eu mantenho-me colado para que a porta do autocarro não se feche quando eu passar por lá.
Na primeira aterragem do meu pé esquerdo uma vigorosa chiclet agarra-se à sola do meu sapato. Tento tirar a chiclet na borda do passeio mais próximo e chego a casa aparentemente livre dela.
Ouço ao longe: “Podias ter dito que te ia buscar”.
É mesmo para provar que já não escrevo há um caralhão de tempo.